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Foto do escritorOscar Valente Cardoso

Budismo Moderno - Augusto dos Anjos (1909)

Tome, Dr., esta tesoura, e... corte

Minha singularíssima pessoa.

Que importa a mim que a bicharia roa

Todo o meu coração, depois da morte?!


Ah! Um urubu pousou na minha sorte!

Também, das diatomáceas da lagoa

A criptógama cápsula se esbroa

Ao contacto de bronca dextra forte!


Dissolva-se, portanto, minha vida

Igualmente a uma célula caída

Na aberração de um óvulo infecundo;


Mas o agregado abstrato das saudades

Fique batendo nas perpétuas grades

Do último verso que eu fizer no mundo!


* Para ouvir a versão musicada do Arnaldo Antunes, clique aqui.





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